PMSUS - FECHAMENTO OT1 - 10/03/25
- thikow

- 10 de mar.
- 15 min de leitura
Perguntas:
1. O que é Carga global de doenças? Caracterizar e identificar as siglas: DALY, YLL e YLD?
A metodologia do estudo da carga global de doença é um esforço científico sistemático, que visa quantificar a magnitude da perda de saúde devido a doenças, lesões e fatores de risco por idade, sexo, localidades geográficas. Pega doenças crônicas, infecciosas, mortalidade por acidentes e outras causas. O lógica da carga global de doenças é olhar para anos de vida perdido, ou seja, doenças infecto-infecciosas que curta duração acabam não pesando tanto. Envolvendo pesquisadores e especialistas em todo o mundo, essa cooperação permite a geração de dados comparáveis, padronizados e atualizados anualmente desde 1990. São informações fundamentais para a adoção de medidas para o planejamento em saúde.
Entre as métricas, destacamos aqui o cálculo do DALY (Disability adjusted life year, ou anos de vida perdidos ajustados por incapacidade), que é um indicador composto pelo YLL (years of life lost to premature death / anos de vida perdidos por morte prematura), que diz respeito à mortalidade, e pelo YLD (years of life lost to disability / anos vividos com incapacidade), que se refere à morbidade. Assim podemos estimar a carga de doença.
BVSALUD
Os estudos sobre carga global de doença utilizam um indicador chamado DALY (Disability Adjusted Life Years – Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade), que combina informações sobre mortalidade e morbidade para medir o impacto de doenças e condições de saúde na população.
A equação básica do DALY é:
DALY = YLL + YLD
1. DALY – Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade
Representa a perda total de anos de vida saudável devido a doenças, lesões ou mortes prematuras.
Inclui tanto os anos de vida perdidos por morte prematura (YLL) quanto os anos vividos com incapacidade (YLD).
Cada 1 DALY equivale a 1 ano de vida saudável perdido.
2. YLL – Anos de Vida Perdidos por Morte Prematura
Mede o impacto da mortalidade prematura.
Fórmula:
YLL = N × L
Onde:
N = número de mortes por determinada condição.
L = número de anos perdidos em relação à expectativa de vida.
Exemplo prático:
Um homem morre aos 50 anos, e sua expectativa de vida era 81 anos.
Ele perdeu 31 anos de vida.
Portanto, YLL = 31 anos.
Se 100 pessoas morressem na mesma condição, o YLL total seria 31 × 100 = 3.100 anos perdidos.
3. YLD – Anos Vividos com Incapacidade
Mede a carga da morbidade (condições que não matam, mas reduzem a qualidade de vida).
Fórmula:
YLD = I × DW × L
Onde:
I = número de novos casos da doença.
DW = fator de incapacidade (Disability Weight), que varia entre 0 (saúde perfeita) e 1 (morte).
L = duração média da condição.
Exemplo prático:
Uma mulher de 30 anos sofre um acidente e fica paraplégica, com expectativa de vida de 74 anos.
O peso da paraplegia (DW) é 0,5.
Ela viverá 44 anos nessa condição.
YLD = 1 × 0,5 × 44 = 22 anos perdidos por incapacidade.
Se 10 pessoas tivessem a mesma condição, o YLD total seria 22 × 10 = 220 anos.
LOGO:
• DALY = YLL + YLD
Combina os impactos de mortalidade e incapacidade.
• YLL = N × L
Anos perdidos por morte precoce.
• YLD = I × DW × L
Anos vividos com incapacidade, ponderados pela gravidade da condição.
Acidentes em jovens pesa muito o indicador por conta desse jovem perder muitos anos de vida
2. O que é o Vigitel e como ele funciona?
O Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) é um sistema do Ministério da Saúde que monitora anualmente os principais fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como diabetes, câncer, doenças cardiovasculares e respiratórias.
Como funciona?
Criado em 2006, realiza entrevistas telefônicas com adultos das 26 capitais brasileiras e do Distrito Federal.
Inicialmente, eram usadas apenas linhas fixas, mas desde 2023 incluem celulares para ampliar a cobertura.
A partir de 2025, haverá expansão para outros municípios, além das capitais.
O que monitora?
Tabagismo, consumo de álcool, alimentação, obesidade, sedentarismo e saúde geral.
Diagnóstico de doenças como diabetes e hipertensão.
Exames preventivos para alguns tipos de câncer feminino.
Questões específicas, como COVID-19, uso de telas e apostas online (2024).
Objetivo e importância
Os dados do Vigitel embasam políticas públicas de promoção da saúde e prevenção de doenças, além de contribuir para o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT no Brasil (2021-2030) e metas da OMS.
Os resultados são divulgados anualmente, garantindo a segurança e sigilo das informações, conforme a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Referência:
Info aula: Dados são subestimados devido serem autorrelatados, ou seja, depender da informação passada pelo paciente.
É um inquérito de saúde, uma pesquisa, mas que busca ser abrangente para representar o todo da população. Um inquérito é um estudo que é para ser um representativo de um todo da população. Bastante abrangente (o mais abrangente), financiado e coordenado pelo MS. Inquérito feito via telefônica com foco em doenças crônicas não transmissíveis e o que pode levar a elas, porém tem limitações.
3. O que é o plano DANT? Quais são suas ações e os 7 fatores de riscos?
O Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis no Brasil 2021-2030 (Plano DANT) é uma iniciativa do Ministério da Saúde que visa a prevenção e o controle das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) e agravos como acidentes e violências. Ele busca reduzir a morbimortalidade associada a essas condições, promovendo políticas públicas e intervenções baseadas em evidências para melhorar a qualidade de vida da população.
Principais Ações do Plano DANT
O Plano DANT estrutura suas ações em três eixos principais:
Promoção da Saúde – Incentiva hábitos saudáveis e reduz fatores de risco.
Vigilância em Saúde – Coleta e análise de dados para monitoramento das DCNT.
Cuidado Integral – Fortalece a rede de atenção primária e especializada para melhor assistência aos pacientes.
Além disso, o plano prevê 226 ações estratégicas que envolvem diferentes níveis de governo (federal, estadual e municipal), além da sociedade civil, para garantir uma abordagem ampla e efetiva.
Os 7 Fatores de Risco Prioritários
O Plano DANT identifica sete fatores de risco principais, que são alvos de suas ações de prevenção e controle:
Tabagismo – Principal causa evitável de DCNT.
Consumo de álcool – Associado a doenças hepáticas, cardiovasculares e acidentes.
Alimentação inadequada – Excesso de ultraprocessados e baixo consumo de frutas e vegetais.
Inatividade física – Relacionada à obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.
Obesidade – Crescente no Brasil e um dos principais fatores para DCNT.
Poluição do ar – Impacto direto na saúde respiratória e cardiovascular.
Exposição a violência e acidentes – Inclui violências interpessoais e lesões no trânsito.
As 4 doenças principais são:
1. Câncer
2. Diabetes Mellitus
3. Doenças Cardiovasculares
4. Doenças respiratórias crônicas
Referências:
4. O que é a crise universal dos sistemas de saúde?
1. Subfinanciamento crônico
Problema global: Sistemas universais como o NHS (Reino Unido), o SUS (Brasil) e o SNS (Portugal) enfrentam limitações orçamentárias que comprometem sua capacidade de oferecer serviços de qualidade. No Brasil, a Emenda Constitucional 95 (que congela investimentos públicos por 20 anos) e a dependência de recursos insuficientes do Estado são exemplos.
Impacto: Hospitais sobrecarregados, filas longas, falta de insumos e dificuldades para atrair profissionais, especialmente em áreas remotas.
2. Transições demográficas e epidemiológicas
Envelhecimento populacional: O aumento da expectativa de vida (como em Portugal e no Canadá) eleva a demanda por cuidados de longa duração e tratamentos para doenças crônicas (diabetes, hipertensão, câncer).
Carga tripla de doenças: Convivência simultânea de doenças infecciosas e mortalidade materna, aumento de doenças crônicas e mortes por causas externos (externas a saúde: violência, mortalidade no trânsito e emergências), exigindo sistemas ágeis e integrados.
3. Pressão por eficiência e sustentabilidade
Tecnologia e custos crescentes: Avanços médicos e farmacêuticos aumentam os custos, mas muitos sistemas não têm mecanismos para incorporá-los de forma equitativa.
Ineficiências: Fragmentação entre atenção primária, média e alta complexidade, além de desperdícios em gestão e burocracia. No Brasil, por exemplo, a dependência de contratações públicas lentas e a judicialização da saúde geram distorções.
4. Contexto político e econômico adverso
Austeridade fiscal: Medidas como as impostas pela Troika na Europa (FMI, Banco Mundial e Comissão Europeia) reduziram investimentos em saúde em países como Portugal.
Crise de representatividade: Desconfiança popular em instituições políticas e privatizações disfarçadas (como o crescimento do setor privado na Costa Rica e no Brasil) ameaçam o princípio da universalidade.
5. Desafios na governança e na força de trabalho
Gestão precária: Falta de critérios técnicos para cargos de direção (como no SUS, onde gestores são nomeados politicamente), corrupção e instabilidade administrativa.
Escassez de profissionais: Dificuldade para contratar e fixar médicos e equipes multidisciplinares, especialmente em regiões periféricas.
6. Tensão entre mercado e direito à saúde
Privatização indireta: A expansão de planos de saúde privados (como em Portugal e no Brasil) e a terceirização de serviços públicos fragmentam o sistema e privilegiam quem pode pagar.
Lógica econômica vs. direitos sociais: A visão de que "o mercado resolve" colide com a necessidade de sistemas universais, que dependem de financiamento solidário e políticas intersetoriais (educação, saneamento, redução da pobreza).
A crise universal não é insuperável, mas exige:
Inovação na gestão (ex.: modelos integrados de atenção, como as redes de saúde propostas no Brasil).
Financiamento adequado (combate a gastos tributários regressivos e aumento da eficiência).
Participação social (defesa do SUS como projeto político e não apenas técnico).
Cooperação internacional (aprender com experiências como a da Costa Rica, que manteve a universalidade por meio de vontade política contínua).
Enquanto sistemas como o NHS (Reino Unido) e o SUS (Brasil) mantêm apoio popular, sua sobrevivência depende de reformas estruturais que equilibrem equidade, eficiência e adaptação às demandas do século XXI
5. O que transição demográfica? Como funciona e o que é analisado?
A Transição Demográfica é um processo de mudança no padrão de crescimento populacional que ocorre ao longo do tempo em uma sociedade. Esse processo é caracterizado pela passagem de um período inicial, em que há altas taxas de natalidade e mortalidade, para um estágio posterior em que essas taxas se tornam mais baixas, resultando em uma estabilização ou até mesmo em um crescimento negativo da população.
Como funciona?
O processo ocorre em fases:
Fase inicial – Altas taxas de natalidade e mortalidade, resultando em um crescimento populacional pequeno.
Fase de transição – Queda da mortalidade devido a avanços na medicina e melhoria das condições de vida, mantendo ainda altas taxas de natalidade, o que leva a um crescimento populacional acelerado.
Fase avançada – Redução das taxas de natalidade devido a mudanças sociais e econômicas, como acesso à contracepção, urbanização e maior participação das mulheres no mercado de trabalho.
Fase final – Baixas taxas de natalidade e mortalidade, com estabilização populacional ou até mesmo um declínio.
O que é analisado?
Taxas de natalidade e fecundidade – Número médio de filhos por mulher.
Taxas de mortalidade – Número de óbitos em determinada população.
Expectativa de vida – Média de anos que uma pessoa pode esperar viver.
Estrutura etária – Distribuição da população por idade, observando o aumento do grupo de idosos e a redução do grupo de crianças e jovens.
6. O que é a transição epidemiológica? Como funciona e o que é analisado?
A Transição Epidemiológica é a mudança nos padrões de morbidade (ocorrência de doenças) e mortalidade de uma população ao longo do tempo. Esse processo acompanha a Transição Demográfica e reflete alterações nas principais causas de morte e na incidência das doenças predominantes.
Como funciona?
Fase inicial – Predominância de doenças infecciosas e parasitárias, que afetam principalmente crianças e jovens, comuns em sociedades com baixo desenvolvimento econômico.
Fase intermediária – Redução das doenças infecciosas devido a avanços na saúde pública, saneamento e vacinas, enquanto começam a surgir doenças crônicas e degenerativas.
Fase avançada – Predominância de doenças crônicas e degenerativas (hipertensão, diabetes, câncer, doenças cardiovasculares), que afetam majoritariamente idosos, exigindo mudanças no sistema de saúde.
O que é analisado?
Principais causas de mortalidade – Se doenças infecciosas ou doenças crônicas são as mais frequentes.
Faixa etária afetada – Mudança do grupo mais vulnerável, de crianças e jovens para adultos e idosos.
Impactos no sistema de saúde – Necessidade de mais tratamentos de longo prazo, acompanhamento contínuo e políticas preventivas.
No Brasil, a Transição Epidemiológica ocorreu simultaneamente à Transição Demográfica, com a redução das doenças infecciosas e o aumento das doenças crônicas, exigindo novas abordagens na saúde pública.
7. O que é a transição nutricional? Como funciona e o que é analisado?
A transição nutricional refere-se às mudanças no padrão alimentar e no estado nutricional de uma população ao longo do tempo, geralmente associadas ao desenvolvimento econômico, urbanização e mudanças no estilo de vida. No Brasil, essa transição se caracteriza por uma redução na desnutrição e um aumento expressivo na prevalência de sobrepeso e obesidade.
Como funciona a transição nutricional?
O processo envolve mudanças em diversos aspectos:
Mudança no padrão alimentar: Redução do consumo de alimentos in natura e aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em gorduras saturadas, açúcares e sódio.
Urbanização e modernização: Com o crescimento das cidades e o aumento da inserção da mulher no mercado de trabalho, houve maior dependência de alimentos prontos e refeições fora de casa.
Redução na prática de atividade física: O aumento da tecnologia e da mecanização do trabalho levou à diminuição do gasto energético diário, contribuindo para o sedentarismo.
Aumento do sobrepeso e da obesidade: Ocorre uma inversão no padrão nutricional, onde o maior problema passa a ser o excesso de peso, associado a doenças crônicas como diabetes e hipertensão.
O que é analisado na transição nutricional?
Os principais indicadores avaliados nesse processo incluem:
Prevalência de desnutrição e déficits nutricionais: Antes um problema grave no Brasil, foi reduzido drasticamente nas últimas décadas.
Taxas de sobrepeso e obesidade: O crescimento desses índices tornou-se um dos principais desafios de saúde pública.
Distribuição geográfica e social da nutrição: São avaliadas diferenças regionais e socioeconômicas no acesso à alimentação adequada.
Impactos na saúde pública: O aumento das doenças crônicas não transmissíveis (diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares) está diretamente ligado às mudanças nutricionais.
Políticas públicas e estratégias de combate: São analisadas iniciativas para incentivar hábitos saudáveis, como campanhas de educação alimentar e promoção de atividades físicas.
PINAN
Transição Nutricional: Definição, Funcionamento e Análise
A transição nutricional refere-se ao processo de mudanças nos padrões alimentares e no estado nutricional de uma população ao longo do tempo, geralmente associado ao desenvolvimento socioeconômico, mudanças no estilo de vida e transformações na disponibilidade de alimentos. Esse fenômeno ocorre de forma distinta em diferentes países e grupos sociais, mas no Brasil, ele foi caracterizado por uma rápida substituição da desnutrição pelo excesso de peso e pelas doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs).
Esse processo está diretamente ligado à transição epidemiológica (mudança no perfil das doenças predominantes, com redução das doenças infecciosas e aumento das doenças crônicas) e à transição demográfica (alteração na composição etária da população, com aumento da expectativa de vida e envelhecimento populacional).
1 - Como Funciona a Transição Nutricional?
A transição nutricional é impulsionada por diversos fatores que modificam a dieta e o estado de saúde da população. No Brasil, esse processo seguiu algumas tendências principais:
Redução da Desnutrição e da Insegurança Alimentar
Nas décadas de 1970 e 1980, a desnutrição infantil e a fome eram problemas graves no Brasil. No entanto, políticas públicas de combate à pobreza e de segurança alimentar, como o Programa Bolsa Família e a ampliação da atenção básica à saúde, resultaram em melhorias significativas:
Entre 1989 e 2006, a prevalência de crianças abaixo do peso caiu de 7,1% para 1,7%.
A desnutrição crônica (déficit de altura) diminuiu de 19,6% para 6,7%.
Entretanto, ainda há grupos vulneráveis, como indígenas, quilombolas e populações do Norte e Nordeste, que apresentam altas taxas de desnutrição e insegurança alimentar.
Aumento do Sobrepeso e da Obesidade
Com a melhoria do acesso aos alimentos e mudanças no estilo de vida, a transição nutricional também trouxe um aumento alarmante do excesso de peso e da obesidade. Dados mostram que:
Entre 1974 e 2009, a obesidade aumentou de 2,8% para 12,5% em homens e de 7,8% para 16,9% em mulheres.
Em crianças de 5 a 9 anos, a obesidade quadruplicou entre os meninos e quintuplicou entre as meninas.
50,1% dos homens e 48,0% das mulheres apresentavam excesso de peso em 2009.
Essa mudança tem levado a um crescimento significativo das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como diabetes tipo 2, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares.
2 - O Que é Analisado na Transição Nutricional?
Para compreender e monitorar a transição nutricional, diversos indicadores são avaliados:
Estado Nutricional da População
A análise da transição nutricional envolve o monitoramento de indicadores antropométricos (peso, altura, índice de massa corporal - IMC), permitindo identificar:
Taxas de desnutrição infantil e adulta.
Prevalência de sobrepeso e obesidade em diferentes faixas etárias.
Deficiências nutricionais específicas, como anemia ferropriva e hipovitaminose A.
A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS) mostrou que, em 2006, 17,4% das crianças e 12,3% das mulheres em idade fértil apresentavam deficiência de vitamina A, enquanto 20,9% das crianças e 29,4% das mulheres tinham anemia por deficiência de ferro.
Padrão Alimentar
As mudanças no consumo alimentar são analisadas para identificar tendências e impactos na saúde da população. No Brasil, observam-se:
Redução do consumo de alimentos tradicionais, como arroz e feijão.
Aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em gorduras, açúcares e sódio.
Baixo consumo de frutas e hortaliças, com ingestão inferior ao recomendado pelo Guia Alimentar para a População Brasileira.
Maior consumo de alimentos fora de casa, muitas vezes com menor qualidade nutricional.
Essas mudanças na dieta são analisadas por meio de inquéritos populacionais, como a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, que mede a disponibilidade domiciliar de alimentos.
Impacto Socioeconômico
O padrão alimentar e o estado nutricional da população também são influenciados por fatores socioeconômicos, como renda, escolaridade e acesso a serviços de saúde. Algumas observações incluem:
Famílias de baixa renda ainda mantêm uma dieta mais próxima do padrão tradicional brasileiro (arroz e feijão).
Em grupos de maior renda, há maior consumo de alimentos industrializados e ultraprocessados.
A escolaridade materna foi um fator determinante na redução da desnutrição infantil.
Estilo de Vida e Atividade Física
Outro aspecto analisado é a relação entre transição nutricional e mudanças no estilo de vida:
Redução da atividade física, associada ao aumento do sedentarismo.
Impacto da urbanização, que levou ao aumento do consumo de fast food e refeições prontas.
Influência da publicidade, especialmente em crianças, no incentivo ao consumo de alimentos ultraprocessados.
3 - Consequências da Transição Nutricional
O avanço da transição nutricional trouxe desafios significativos para a saúde pública:
Aumento das Doenças Crônicas
As DCNTs passaram a ser a principal causa de mortalidade no Brasil. A obesidade, em particular, está fortemente ligada a:
Doenças cardiovasculares.
Diabetes tipo 2.
Hipertensão arterial.
Alguns tipos de câncer.
Sobrecarga do Sistema de Saúde
O crescimento das DCNTs tem gerado um aumento nos custos com tratamentos de longo prazo, tornando a prevenção uma prioridade para o SUS.
Persistência da Desigualdade Nutricional
Apesar da redução da desnutrição, algumas populações continuam em situação de vulnerabilidade, como comunidades indígenas e regiões rurais.
4 - Estratégias para Lidar com a Transição Nutricional
Para mitigar os impactos negativos da transição nutricional, diversas ações têm sido implementadas:
Promoção da Alimentação Saudável
Divulgação do Guia Alimentar para a População Brasileira.
Campanhas de educação alimentar para incentivar o consumo de alimentos in natura.
Programas de incentivo à alimentação escolar saudável.
Regulação da Indústria Alimentícia
Rotulagem nutricional frontal para facilitar escolhas mais saudáveis.
Redução de sódio e gorduras trans em produtos industrializados.
Restrições à publicidade de alimentos ultraprocessados para crianças.
Incentivo à Atividade Física
Criação de espaços públicos para práticas esportivas.
Programas como Academia da Saúde para incentivar a população a se exercitar.
Políticas de Segurança Alimentar
Apoio à agricultura familiar e à produção sustentável de alimentos.
Programas de distribuição de alimentos saudáveis para populações vulneráveis.
Referências e documentos utilizados na pesquisa da OT1:
Oliveira AS. Transição demográfica, transição epidemiológica e envelhecimento populacional no Brasil. Hygeia[Internet]. 2019 Jun;15(31):69-79. Disponível em: http://dx.doi.org/10.14393/Hygeia153248614.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas e agravos não transmissíveis no Brasil, 2021-2030 [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2021. 118 p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_enfrentamento_doencas_cronicas_agravos_2021_2030.pdf.
Soares Filho AM, França GVA, Malta DC. Tripla carga de doenças no Brasil, 1990-2021: mudanças, inflexões e o fator COVID-19. REME - Rev Min Enferm [Internet]. 2022;26:e-1475. doi: 10.35699/2316-9389.2022.39410.
Batista Filho M, Rissin A. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais e temporais. Cad Saúde Pública[Internet]. 2003;19(Sup. 1):S181-S191. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2003000700019.
Leite I, Gadelha AMJ, Valente JG, Schramm JMA, Portela MC, Campos MR. Estudo sobre carga de doença no Brasil: estado atual e perspectivas. Caderno 1 - Editais Temáticos [Internet]. ENSP/FIOCRUZ; 2006. Disponível em: http://www.fiocruz.br.
Fortes PAC, Carvalho RRP, Louvison MCP. Crise econômica e contrarreforma dos sistemas universais de saúde: caso espanhol. Rev Saúde Pública [Internet]. 2015;49:34. doi: 10.1590/S0034-8910.2015049005469.
Serapioni M. Crise econômica e desigualdades nos sistemas de saúde dos países do Sul da Europa. Cad Saúde Pública[Internet]. 2017;33(9):e00170116. doi: 10.1590/0102-311X00170116.
Rede Interagencial de Informações para Saúde. Demografia e saúde: contribuição para análise de situação e tendências [Internet]. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2009. 144 p. ISBN: 978-85-334-1563-8. Disponível em: http://www.saude.gov.br/bvs.
Liu X, Guo Y, Wang F, Yu Y, Yan Y, Wen H, et al. Disability weight measurement for the severity of different diseases in Wuhan, China. Popul Health Metrics [Internet]. 2023;21:5. doi: 10.1186/s12963-023-00304-y.
Kac G, Sichieri R, Gigante DP, organizadores. Epidemiologia nutricional. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz/Atheneu; 2007. 580 p. ISBN: 978-85-7541-320-3.
Leite IC, Valente JG, Schramm JM, Daumas RP, Rodrigues RN, Santos MF, Oliveira AF, Silva RS, Campos MR, Mota JC. Carga de doença no Brasil e suas regiões, 2008. Cad Saúde Pública. 2015;31(7):1551-64. doi: 10.1590/0102-311X00111614.
Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS). Futuro do SUS e debate sobre saúde. Brasília: CONASS; 2018.
Vanzella E. O envelhecimento, a transição epidemiológica da população brasileira e impacto nas internações no âmbito do SUS. Educere (REF FAESNE). 2019;X(2):144-145.
Paim JS. Os sistemas universais de saúde e o futuro do Sistema Único de Saúde (SUS). Saúde Debate.2019;43(Especial 5):15-28. doi: 10.1590/0103-11042019S502.
Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília: Ministério da Saúde; 2013. 84 p. ISBN: 978-85-334-1911-7.
Souza EB. Transição nutricional no Brasil: análise dos principais fatores. Cadernos UniFOA. 2010;(13):49-50.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2006-2021: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico – prática de atividade física [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2022. 71 p. ISBN: 978-65-5993-274-0. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigitel_brasil_atividade_fisica_2006_2021.pdf.
Reflexão: Hoje tivemos uma discussão muito produtiva sobre vários assuntos, entre eles: Transição demográfica, transição epidemiológica, transição nutricional, carga global de doença, Vigitel, plano DANT e crise universal dos sistemas de saúde. Todos trouxeram alguma informação ou comentário, o que agregou muito a aula. Nossa tutora Fernanda, como sempre, direciona, traz vivências e faz comentários sempre pertinentes ao assunto, e que nos ajuda a estabelecer um raciocínio mais aprofundado sobre o assunto abordado. Quanto ao estágio de extensão na UBS, estou um pouco frustado devido ainda não termos começado. Algumas turmas já estão com seus relatos e suas vivências, mas nossa turma da UBS Cambucí continua no aguardo. Acaba sendo muito decepcionante no geral, pois nos preparamos e nutrimos expectativas de uma vivência prática mais intensa nesse semestre, porém nos decepcionamos ao ter menos prática do que seria previsto. No CIS fazemos atendimento apenas 1 período na semana (1 ou 2 pacientes), quando deveriam ser 2, e ainda não temos prática na UBS. Espero que as coisas "entrem nos eixos logo", afinal daqui a pouco já estamos no final de março.


Comentários