HMEC - 1ª Simulação - 25/04/25
- thikow

- 25 de abr.
- 6 min de leitura
Atualizado: 25 de mai.
1ª SIMULAÇÃO
MÉDICO: Thiago Sampaio
PRONTUÁRIO MÉDICO
INDENTIFICAÇÃO
Nome: Samanta Alencar
Data de nascimento: 28/01/1995
Idade: 30 anos
Estado civil: Casada há 20 anos
Filhos: 2 (menino de 9 anos e menina de 7 anos)
Profissão: Auxiliar de cozinha (ajuda na organização)
HPMA
Paciente comparece à UBS devido a sintomas de tosse seca, ocasionalmente produtiva com catarro branco, há 4 meses. Refere cansaço, sensação febril e crises de tosse ao final do dia. Relata perda de peso não intencional (aproximadamente 3 a 4 kg), bem como perda de apetite. Nega sudorese, arrepios, dispneia e suor noturno. Sono preservado, embora acorde cansada.
Há 2 meses, procurou o pronto socorro com quadro febril, onde foi diagnosticada com pneumonia após ausculta pulmonar e radiografia de tórax. Realizou tratamento com antibiótico por 2 semanas (não se recorda do nome), mas não houve melhora clínica.
AP
Doenças crônicas: Nega hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM) e doenças respiratórias.
Sintomas respiratórios prévios: Nega falta de ar.
Hábitos: Nega vícios (tabaco, álcool, outras substâncias).
Alimentação:
Café da manhã: Pão com ovo e café preto
Almoço: Salada, arroz, feijão e proteína
Lanche da tarde: Café e pão com manteiga
Jantar: Semelhante ao almoço ou com macarrão
Hidratação: Consumo médio de 6 copos pequenos de água por dia (aproximadamente 1,5 L)
Rotina laboral: Início às 6h, almoço às 11h, saída às 15h. Nega contato com produtos químicos. Atua na organização da cozinha.
Histórico médico:
Carteira de vacinação atualizada, incluindo vacina da Influenza.
Exames ginecológicos em dia (Papanicolau realizado recentemente).
Vida sexual: usava preservativo quando namorava o marido, mas atualmente não utiliza mais.
AF
Mãe: Fumante desde jovem
Pai: Hipertenso
Demais familiares: Nega doenças respiratórias ou quadros semelhantes.
MUC
Nega medicações de uso contínuo.
EF
PA: 120x55 mmHg
FC: 68 bpm
FR: 16 irpm
Temperatura: 38,5 °C
Ausculta Cardíaca: BRNF2T sem sopros.
Ausculta Pulmonar: Diminuição de murmúrios vesiculares em hemitórax direito.
Impressão geral
Paciente corada, hidratada, eupneica, acionótica, anictérica. Apresenta-se em regular estado geral, febril, com diminuição de murmúrios vesiculares em hemitórax direito, tosse seca e perda de peso não intencional considerável.
EC
Radiografia de tórax: realizada há 2 meses – diagnóstico de pneumonia (sem laudo disponível).
Solicitados:
Hemograma completo
Proteína C Reativa (PCR)
Velocidade de Hemossedimentação (VHS)
Tempo de Protrombina/INR
Dímero D
Teste Rápido Molecular para Tuberculose (TRM-TB)
Sorologias para HIV
IMPRESSÃO
Paciente com quadro sugestivo de tuberculose pulmonar (HD), caracterizado por tosse persistente, perda de peso não intencional e alteração à ausculta pulmonar. Aguardando confirmação diagnóstica por TRM-TB.
CD
Orientada sobre necessidade de retorno à UBS para avaliação dos resultados de TRM-TB e sorologia para HIV.
Coleta de exames laboratoriais solicitados para investigação complementar.
Início de tratamento para tuberculose condicionado à confirmação diagnóstica.
Orientada a:
Utilizar máscara N95 para evitar transmissão.
Manter ambientes domiciliares bem ventilados.
Caso confirmação de TB, realizar rastreio de familiares e contactantes.
READ 1 - "Tenho formigas nos dedos"
1. Informações principais da anamnese da primeira avaliação (consulta 1)
Identificação: Jorge O. S., 44 anos, empresário.
Queixa principal: Dormência nos dedos das mãos e pés.
História da moléstia atual (HPMA):
Dormência nos pés após caminhada diária, estendendo-se para as mãos no dia seguinte.
Evoluiu para perda de força nas pernas, necessitando bengala.
Diarreia há 12 dias (associada à alimentação em viagem à praia), sem sinais infecciosos clássicos.
Antecedentes Pessoais
Caminhada diária como atividade física.
Etilista social, nega tabagismo e drogas.
Alergia a amoxicilina.
Cirurgia de amígdalas na infância.
Sem uso de medicamentos.
Vacinação em dia.
Antecedentes familiares: Pai com DM2, mãe sem comorbidades.
Animais de estimação: Cachorro e peixe, sem histórico de zoonoses.
2. Informações relevantes do exame físico (primeira consulta)
Antropometria: Altura: 177 cm, Peso: 82 kg, IMC: 26,17 (sobrepeso leve).
SpO2: 99%, sem hipóxia.
Frequência cardíaca: 90 bpm.
Neurológico:
LOTE (lúcido, orientado no tempo e espaço)
Marcha escarvante, equilíbrio dinâmico ligeiramente alterado.
Força muscular preservada nos membros superiores (grau V).
Força grau IV em dorsiflexão e extensão dos pés.
Cardiovascular: BRNF2T sem sopros
Respiratório: MV+ AHT, sem alterações à percussão.
Abdome: Plano, indolor, sem visceromegalias.
3. Comparação das hipóteses diagnósticas e exames solicitados
Hipótese Diagnóstica sugerida: Síndrome de Guillain-Barré (SGB).
Exames solicitados:
Cultura de LCR (líquor), hemograma, gasometria, sorologias para HIV, hepatites, CMV, Epstein-Barr, Varicela, cultura de fezes para Campylobacter jejuni.
ENMG (eletrodiagnóstico).
Comparação com a referência da plataforma:
Está alinhado com os critérios diagnósticos de SGB clássica:
Fraqueza progressiva simétrica.
História de infecção recente.
Arreflexia.
Exame do LCR mostrando dissociação albumino-citológica.
ENMG com padrão desmielinizante.
Os exames solicitados são consistentes com protocolos para exclusão de causas infecciosas ou inflamatórias secundárias e para confirmação do diagnóstico.
Condição | Diferenças-chave em relação à SGB |
Miastenia Gravis | Fraqueza flutuante e ocular (ptose, diplopia), sem alteração sensitiva, reflexos normais, resposta ao teste com anticolinesterásicos. |
Mielite Transversa | Déficit motor e sensitivo bilateral, mas com nível sensitivo definido e disfunção esfincteriana precoce. LCR com pleocitose. RM de medula confirma. |
Diabetes Mellitus (neuropatia) | Polineuropatia crônica, progressiva, com predominância sensitiva. Refere queimação e perda de sensibilidade plantar. Não costuma haver arreflexia súbita ou fraqueza ascendente. |
Déficit de Vitamina B12 | Início insidioso, com alteração de sensibilidade profunda, ataxia, sinais piramidais e reflexos vivos ou normais. |
Poliomielite Anterior Aguda | Fraqueza assimétrica de instalação aguda, sem alteração sensitiva. Reflexos diminuídos. Quadro viral. Hoje rara devido à vacinação. |
Porfiria Aguda Intermitente | Fraqueza com dor abdominal, distúrbios neuropsiquiátricos, taquicardia. Pode simular SGB, mas sintomas viscerais são proeminentes. Exames de porfirinas ajudam. |
Compressão Medular | Fraqueza e sensibilidade abaixo de um nível, dor nas costas comum. RM confirma. Pode ter hiperreflexia (lesão central). |
Carcinomatose Meníngea | Fraqueza multifocal, dor, alterações mentais ou cranianas. LCR com células neoplásicas. Evolução subaguda. |
Polimiosite | Fraqueza proximal (pélvica e escapular), sem alteração sensitiva. CPK aumentada. Reflexos preservados. |
Neuropatia Paraneoplásica | Polineuropatia simétrica, subaguda, com sintomas sensitivos e motores. História de neoplasia ou sintomas constitucionais associados. |
Botulismo | Fraqueza descendente, com paralisia ocular e bulbar precoce, sem febre ou sensibilidade alterada. Pupilas dilatadas. História de ingestão de alimentos enlatados ou feridas. |
Paralisia Hipocalêmica | Fraqueza flácida com início agudo, sem alteração sensitiva, associada a hipocalemia (queda de potássio). Reflexos podem estar diminuídos. Melhora com reposição de potássio. |
Diagnóstico | Fraqueza | Sensibilidade | Reflexos | Outro diferencial |
SGB | Ascendente, simétrica | Parestesias | Arreflexia | Pós-infecção, ENMG desmielinizante |
Miastenia | Ocular, bulbar, flutuante | Normal | Normal | Ptose, melhora com neostigmina |
Mielite | Paraparesia + nível sensitivo | Alterada abaixo do nível | Preservados ou aumentados | Disfunção esfincteriana |
DM | Crônica, distal | Queimação, formigamento | Diminuídos cronicamente | Sem progressão rápida |
B12 | Proximal, ataxia | Profunda alterada | Normais ou vivos | Sinais piramidais |
Poliomielite | Assimétrica | Preservada | Diminuídos | História viral, febre |
Porfiria | Generalizada | Variável | Normal | Dor abdominal, psiquismo |
Medular | Abaixo de nível | Alterada abaixo do nível | Hiperreflexia se central | Dor em faixa |
Carcinomatose | Multifocal | Alterada | Variável | LCR com células malignas |
Polimiosite | Proximal | Normal | Normal | CPK ↑, inflamação muscular |
Paraneoplásica | Simétrica | Alterada | Diminuídos | História de câncer |
Botulismo | Descendente | Normal | Diminuídos | Pupilas dilatadas, enlatados |
Hipocalêmica | Generalizada | Normal | Diminuídos | Hipocalemia grave |
4. Evolução do quadro e conduta (segunda avaliação)
Evolução clínica:
Fraqueza progrediu para mãos, sem comprometimento respiratório.
Alimentação preservada, sem dor.
Exame físico:
Arreflexia generalizada.
Hipotestesia em distribuição de "luvas e botas".
Diminuição da força em MMII (dorsiflexão grau III).
Exames complementares:
LCR com dissociação albumino-citológica (aumento de proteína sem leucocitose).
ENMG: polirradiculopatia desmielinizante sensitivo-motora.
Sorologias negativas.
Conduta:
Diagnóstico confirmado de SGB.
Início de plasmaférese.
Internação em UTI para suporte e monitoramento.
5. Revisão e avaliação do conhecimento
A síndrome de Guillain-Barré é uma emergência neurológica imunomediada, geralmente precedida por infecção (comum: Campylobacter jejuni). Apresenta-se com fraqueza ascendente, arreflexia e sintomas sensitivos. O diagnóstico é clínico, apoiado por ENMG e LCR. O tratamento de escolha é imunoglobulina intravenosa (IVIG) ou plasmaférese. Internação em UTI é indicada em casos com progressão rápida, risco respiratório ou instabilidade autonômica.
6. Reflexão pessoal para o portfólio (com correlação com simulação e atividades A, B e D)
Essa atividade me ajudou muito a perceber como é importante reconhecer certos padrões clínicos e neurológicos em situações de emergência. O caso do Jorge foi umlembrete de que sintomas como dormência e fraqueza – que às vezes a gente nem dá tanta bola – podem sinalizar algo sério. Realizar uma boa anamnese e escutar de verdade o que o paciente tem a dizer faz toda a diferença.
A atividade A me fez "mergulhar" na fisiopatologia da Síndrome de Guillain-Barré e entender melhor suas diferentes formas de apresentação e diagnósticos diferenciais. A atividade B, focou na análise de prontuários, um treino que acho muito válido, além de estimular o raciocínio clínico. Já a atividade D, voltada para as condutas em emergência, foi essencial para entender quando indicar a plasmaférese e por que certos casos precisam de UTI.
Certificado da atividade
Reflexão: Hoje fui o médico na consulta e achei que a atriz era muito, muito boa mesmo. Fiz toda a consulta e realmente parecia que a atriz estava se sentindo muito cansada e baqueada. Acredito que fiz uma boa consulta, abordando os principais aspectos, orientando e acalmando a paciente acerca de sua condição. Recebi um bom feedback da atriz, da minha coléga e da minha tutora, o que me deixou feliz. Aos poucos vamos aprendendo "na prática" a melhor forma de conduzir nossa consulta. O READ foi bem complexo e me ajudou a entender sobre SGB e seus diagnósticos diferenciais, que são bem complexos.

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